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Janeiro Roxo e o combate à hanseníase

31 de janeiro é o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, uma doença que tem cura, mas ainda enfrenta estigmas e falta de informação.

Os primeiros relatos sobre a doença datam de milhares de anos, mas enfrentamos casos de Hanseníase ainda hoje. Na Idade Média, pessoas doentes eram forçadas a andar com um sino atado ao corpo para avisar os outros de sua condição e, assim, evitar o contato.

"Leprosários", instituições que os isolavam pessoas com hanseníase da sociedade, se espalharam do Havaí à Grécia, da Indonésia ao Rio de Janeiro, colaborando para a estigmatização da doença. Hoje temos maneiras muito diferentes de enfrentar a doença, mas ainda precisamos combater a imagem negativa que adquiriu com o passar dos séculos.

Nos séculos 19 e 20, o conhecimento sobre a hanseníase se desenvolveu bastante. Os cientistas descobriram que ela não é tão contagiosa como se pensava, e então os leprosários caíram em desuso – assim como o termo “lepra”. O nome correto e usado hoje é “hanseníase”, uma homenagem a Gerhard Hansen, médico norueguês que descobriu, em 1873, a causadora da doença, a bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen.

Na década de 1940, um novo tratamento com o antibiótico sulfona alimentou a esperança de que, finalmente, a hanseníase poderia ser erradicada. Mas isso não aconteceu. A doença já não é mais aquela mazela do passado medieval, mas ainda existe desinformação e preconceito.

É justamente para conscientizar a população e informar que há, sim, uma cura que existe o Janeiro Roxo, campanha criada em 2016 pelo Ministério da Saúde. Além disso, desde 1954 o Dia Mundial de Combate à Hanseníase acontece no último domingo do mês (em 2022, dia 30), junto com o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, todo dia 31 de janeiro.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com mais casos no mundo, com 17,9 mil em 2020. Fica atrás somente da Índia, com 65 mil casos. Mas, se levarmos em conta o tamanho da população, a realidade brasileira é pior: a taxa de detecção de novos casos por milhão de habitantes na Índia foi de 47 mil. No Brasil, 84 mil.

“Ainda encontramos um número elevado de casos, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte”, diz a médica Marli Penteado Manini, presidente da Fundação Paulista contra a Hanseníase e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “A hanseníase continua sendo um problema de saúde pública.”


Causa e sintomas da hanseníase
 

A hanseníase é uma doença de pele que, eventualmente, atinge os olhos e outros órgãos. A transmissão se dá a partir de gotículas de saliva e do contato prolongado com o muco nasal de uma pessoa infectada com o bacilo de Hansen.

Os sintomas são bastante visíveis e variáveis. A pele ganha manchas esbranquiçadas e muda de temperatura (sensibilidade térmica) e alteração da sensibilidade nos locais afetados. Pode surgir dor, sensação de choque ou perda de sensibilidade, podendo levar a feridas. Além disso, pode surgir caroços em orelhas e mãos e perda de força muscular.
 

Tratamentos e Cuidados


Nos anos 1940, a sulfona revolucionou o tratamento contra a hanseníase, porque ela eliminaria a contagiosidade da doença. Tudo indicava que a lepra seria erradicada e todo o peso do estigma social, exterminado. “Isso não se mostrou realidade, pois logo na década seguinte já foram identificados casos de sulfonorresistência”, explica Manini. Além disso, como o tratamento era longo, muitos pacientes o abandonavam antes de estar curados.

Na década de 1960 houve outro avanço, com a introdução do antibiótico rifampicina. Trinta anos mais tarde, a poliquimioterapia com três medicamentos reduziu o tempo de tratamento, aumentando a adesão das pessoas e, consequentemente, o controle da endemia. Hoje, o processo dura geralmente um ano. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a medicação, que deve ser administrada em doses vigiadas por profissionais de saúde.

O tratamento ainda é relativamente longo, mas funciona. Já na primeira dose é quase garantido que a doença não será transmitida. Pessoas próximas ao infectado devem procurar um médico para avaliação.

A hanseníase tem cura, porém há o risco de deixar sequelas. A sensibilidade no local das manchas pode não voltar por completo e ainda pode haver limitações para andar ou para carregar peso. Uma das ações da Fundação Paulista contra a Hanseníase consiste na reabilitação física das pessoas atingidas, com fisioterapia e doação de calçados adaptados.

Clique AQUI para ler e baixar o Guia para o Controle da Hanseníase, do Ministério da Saúde.

Estigmas


“Por ser uma doença que afeta principalmente a população de baixo nível socioeconômico, existe uma dificuldade para a reabilitação social”, diz Manini. Apesar da evolução do tratamento nos últimos 80 anos, o preconceito continua afetando as vítimas da hanseníase.

Nos primeiros anos do século 21, alguns países ainda mantinham leprosários ativos, especialmente a Índia, que concentra mais da metade dos casos do mundo todo. Também foi no país que surgiu a primeira vacina criada exclusivamente para combater a doença. Até antes da pandemia, ela ainda estava em fase de testes.

A hanseníase era e continua sendo uma doença intimamente ligada à miséria. Em 2015, um estudo publicado na revista científica PLoS mostrou que a melhoria em índices como urbanização, analfabetismo e desemprego, experimentados nos anos 2000 nas cidades mais afetadas pela doença no Brasil, ajudou na redução de casos. Esses municípios somaram 30 mil novos casos em 2004. Em 2011, foram 19 mil.

“Hoje não falamos em erradicação da doença e sim em um controle que leve a uma incidência pequena, quando a hanseníase deixará de ser um problema de saúde pública”, explica Manini. A OMS almeja que o mundo chegue em 2030 com uma redução de 70% de novos casos. Isso significaria deixar o patamar de 200 mil novos casos, registrados em 2019, e chegar a 62 mil daqui a oito anos.

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